O panorama em Alvalade é negro, são já 11 anos sem vencer a Liga e com a eliminação da Taça de Portugal e Liga Europa, os leões arriscam-se a completar um jejum de 5 anos sem vencer qualquer título (só a Taça da Liga pode impedir isso, caso não a vençam e se considerarmos que a hipótese de festejar algo só poderá acontecer no final de 2012-13, os adeptos leoninos correm o risco de estar 6 anos sem saborear nada). Um cenário que, apesar de não ser o pior da história dos leões (o clube leonino já esteve 18 anos sem vencer o campeonato e durante esse período não conquistou títulos durante 12), claramente não condiz com a história e pergaminhos da Instituição.
Como para tudo tem de haver culpados e responsáveis, neste momento, e apesar do Sporting nos últimos 30 anos só ter conquistado 3 campeonatos, Godinho Lopes (que só está em Alvalade há um ano e meio) é o alvo de todas as críticas. Mas será o presidente leonino o único culpado (se ele é que viabiliza a contratação de jogadores e treinadores como é óbvio terá de ter a sua cota de responsabilidade), ou também GL sofre por este estigma que afecta o leão?
A verdade é que Godinho desde o 1º momento que entrou no Sporting, aliás, já durante a campanha eleitoral demonstrou isso, parece viver consoante as pressões e desejos dos adeptos leoninos. O problema é que essa ideia de agradar aos sportinguistas acabou sempre por ter consequências negativas:
- Queria um treinador estrangeiro, mas como Domingos estava em "alta" no seio dos sportinguistas acabou por tentar utilizar esse trunfo (com os resultados que se conhece);
- Paulo Pereira Cristòvão, que estava a ter um papel importante (talvez com medidas pouco convencionais é certo) na maneira como "protegia" à sua maneira o plantel do Sporting, foi apanhado numa situação caricata (processo que entretanto até foi arquivado), algo que provocou a ira dos sportinguistas, e teve de sair de Alvalade (de maneira claramente forçada pois a sua intenção era continuar). Curiosamente desde a saída de PPC, os leões só venceram 3 jogos...Quando se fala em estrutura, talvez Pereira Cristòvão estivesse a impor a tal estrutura que os adeptos leoninos tanto desejam;
- Sá Pinto conduziu o Sporting à 5ª meia-final da história dos leões, renovou, era alguém que Godinho queria ter até ao final do mandato, mas mais uma vez a pressão dos adeptos foi fatal. GL não resistiu e despediu o seu treinador. O que é certo (e apesar do trabalho estar longe de ser positivo, mas um dia o clube leonino vai ter de dar tempo e espaço a um treinador independentemente dos resultados), é que desde que Sá Pinto saiu o Sporting fez 8 jogos, desses 8 perdeu 5. Sá Pinto certamente não fazia pior (ainda estava nas 4 frentes), aliás um cenário pior era impossível;
- Por último, a questão dos jogadores. Em Setembro Godinho Lopes afirmou publicamente que recusou no final do defeso, propostas de 14 milhões de euros por Wolfswinkel, 12 por Carrillo e 6 por Insúa, na altura foi uma decisão aplaudida por todos os sportinguistas. Mas terá sido uma boa política? Só o futuro o dirá, mas o passado deu várias vezes resposta a esta dúvida: à excepção de Nani, Hugo Viana, Enakharire, Naybet, Hadji e pouco mais, nenhum elemento se valorizou em Alvalade, por norma o que tem acontecido é que os jogadores até chegam a ganhar alguma cotação mas depois (devido aos maus resultados, más exibições individuais e pouca competitividade) acabam por sair por preços irrisórios (isso é assim há 30 anos, mas os leões continuam a cometer sempre os mesmos erros e não aproveitam quando aparecem boas propostas como aconteceu com Wolfswinkel, Moutinho, Djaló, Vukcevic, etc). E o presente, depois das goleadas frente ao Basileia e Videoton não abona a favor dos activos. Quanto vale neste momento Insúa, Wolfswinkel e Carrillo, já para não mencionar Patrício, Capel, Elias, Schaars, etc (jogadores que estão no 10º luga da Liga e fora da Taça de Portugal e LE, não vão valer muito)?
Em suma, em termos de futebol o projecto de Godinho não é X nem Y, tem sido sim, agradar aos sportinguistas. Contratou os treinadores pedidos (1º Domingos, depois renovou com Sá Pinto e mais tarde apostou num estrangeiro), adquiriu jogadores internacionais (na teoria as contratações foram boas, mas nenhum rendeu o esperado...para muitos este era melhor o melhor plantel dos leões nos últimos 30 anos), despediu dirigentes, fez de tudo em apenas um ano e meio. Talvez por falta de sorte, talvez por estarmos a falar do Sporting e da famosa Lei de Murphy associada aos leões, a verdade é que nada correu bem a GL. Mas o que devia ser um projecto: agradar aos sócios ou confiar nas suas intuições? Por exemplo, Pinto da Costa faz agora um ano, apesar de 95% dos adeptos do Porto exigirem a demissão de VP depois da derrota dos azuis e brancos por 3-0 frente à Académica para a Taça, manteve a sua ideia e Vítor Pereira acabou por ser campeão, e depois disso continua a apresentar resultados no Dragão (como prova a excelente LC). O mesmo se passou com Vieira em relação a Jesus, nos últimos defesos, muitos pediram a saída de JJ, mas o presidente do Benfica, mesmo com o descalabro que foi a época dos 5-0 frente ao Porto, continuou fiel à sua ideia. Pois um projecto é isso mesmo, é ter uma ideia e tentar levá-la até ao fim (se possível reforçando-a, e não ao mínimo deslize começar tudo de novo).
Veremos se em Janeiro, Godinho pela 1ª vez faz o que é certo e finalmente dá inicio a um projecto: vende o máximo nº de jogadores possível (Izmailov, Xandão, Boulahrouz, Elias, Jeffren, Capel, Schaars, Carriço, Cédric, Pereirinha, Rinaudo, Gelson, aliás todos os elementos do Sporting devem ser considerados transferíveis, até mesmo Patrício, pois o Sporting precisa de realizar encaixes financeiros e dar minutos e espaço a elementos como
João Mário, Bruma, Dier, Rubio, Zezinho, Pedro Mendes e Tobias, como o VM referiu há um mês) ou se mais uma vez cede à pressão dos adeptos e compra um lateral direito, um extremo, um central e um ou dois avançados (lacunas que são claras, é certo, mas que neste cenário acabam por não fazer sentido a resolução das mesmas).
