Benfica vence derby e mantém distância para o FC Porto; Sporting (esteve melhor e merecia mais) saiu novamente da Luz sem conseguir marcar (6 anos em branco); Águias apresentaram pouco futebol, cometeram muitos erros, mas as individualidades do costume voltaram a fazer a diferença

Benfica 2-0 Sporting (Salvio 36' e Lima 75')

O Benfica levou a melhor sobre o Sporting, em mais um derby intenso, equilibrado, mas com poucas oportunidades de golo (a única foi de Wolfswinkel logo abrir um encontro). Num jogo em que o clube leonino voltou a sair do Estádio da Luz sem marcar qualquer golo (6 anos consecutivos), nota para Lima, Salvio e Gaitán, que desbloquearam a partida (apesar de Matic ter sido o único benfiquista a estar ao seu nível). Do lado leonino, individualmente, os jogadores fizeram uma boa exibição, à excepção de Capel e Rinaudo (péssimas prestações), com especial destaque para Bruma, Rojo, Wolfswinkel e André Martins. Os leões tiveram mais posse de bola, criaram mais situações de desequilíbrio (fruto de transições), foram mais fortes tacticamente e anularam o Benfica, mas duas jogadas de qualidade ofensiva e a estrelinha que tem acompanhado as águias esta época, acabaram por decidir o encontro. Com este resultado, os encarnados mantêm o FC Porto a 4 pontos de distância e estão cada vez mais perto do título, enquanto os leões perderam a oportunidade de subir ao 5º lugar.

A boa entrada do Sporting na partida podia ter resultado num outro resultado, caso Wolfswinkel tivesse concretizado a melhor oportunidade do encontro, logo aos 6 minutos (o holandês rematou já em desequilíbrio e Artur defendeu para canto). Pouco tempo depois, e após novo pontapé de canto, Ilori cruza na direcção da baliza, obrigando Artur a defender para fora. Os leões estavam por cima do jogo, criando várias situações de perigo, enquanto os encarnados raramente conseguiam chegar à baliza de Patrício (muitos passes errados e meio campo bem anulado pelos leões). A primeira situação de perigo protagonizada pelo Benfica surgiu após pontapé de canto, num cabeceamento de Matic perto da trave, depois de Bruma já ter ameaçado do outro lado (Melgarejo estava em claras dificuldades para segurar o jovem português). Noutra jogada de perigo, André Martins ganhou espaço à entrada da área, desmarcou Capel, mas Luisão cortou para canto, quando Wolfswinkel se preparava para rematar. Aos 36 minutos, surgiu o golo do Benfica. Cardozo serviu Gaitán na esquerda, o argentino cruzou e Sálvio rematou para o fundo da baliza de Patrício. O Sporting voltou a entrar melhor no 2º tempo, ainda que o Benfica tenha mostrado bem mais que no 1º tempo. Eric Dier quase empatou num cabeceamento, mas Artur voltou a estar atento (defesa para canto). O jogo seguia com muitos pontapés de canto a favor de ambas as equipas, e neste segundo tempo, sem grandes lances de destaque nas duas áreas. Até Gaitán inventar uma jogada que "matou" o jogo. O argentino rodou sobre vários defesas leoninos, fez uma tabelinha com Salvio e cruzou para o remate certeiro de Lima (lance genial). Os leões não desistiram de visar a baliza de Artur, mas o resultado já estava feito.

Destaques:

Benfica - Jogo pouco conseguido, muito nervosismo, passes errados, bolas paradas mal executadas e pouca qualidade ofensiva, mas um resultado que deixa os encarnados cada vez mais perto do título. O Benfica foi incapaz de contrariar a teia montada pelo Sporting de Jesualdo Ferreira, valendo a inspiração individual para decidir o encontro. Foi o 29º encontro consecutivo a marcar na Liga Portuguesa, 29º jogo sem perder no campeonato (a última derrota foi em Alvalade) e 60º jogo consecutivo a marcar no Estádio da Luz (para o campeonato).

Sporting - Jesualdo descreveu bem o jogo leonino no final "Controlámos as linhas mais perigosas do Benfica, retirámos-lhes a iniciativa do jogo, pressionámos alto e conseguimos criar em situações de ataque rápido alguns problemas defensivos", afirmou o treinador leonino. E de facto foi isso que aconteceu, mas os lanches-chave caíram todos a favor do Benfica e isso foi fatal aos leões. Veremos os reflexos que esta derrota (a 1ª de Bruno de Carvalho) vai ter no futuro, as indicações foram boas (o Sporting foi personalizado mas falta maturidade e deixar de repetir alguns erros: ineficácia, pouca acção ofensiva dos médias e insistir em Capel é entrar com menos 1), mas a curto prazo a margem para chegar à Liga Europa é cada vez mais curta. 

Artur/Rui Patrício - Praticamente não foram obrigados a intervir.

Gaitán/Sálvio - Muitas perdas de bola, jogadas inconsequentes, mas papel decisivo no resultado final. O esquerdino fez duas assistências para golo (a jogada do 2ª golo foi espectacular), enquanto o extremo direito finalizou com eficácia na 1ª parte e participou decisivamente no 2º golo.

André Martins vs Rinaudo/Capel - O português deu critério à posse de bola do Sporting, disse presente, ajudou os leões a dominar tacticamente a partida e foi um dos grandes destaques do jogo (falta-lhe, à semelhança do que acontece com a maioria dos leões, capacidade para jogar a um nível alto durante os 90m); já Rinaudo e Capel foram o oposto, o espanhol foi uma autêntica nulidade (mais uma vez, e quando se tem Carrillo e Labyad no banco começa a ser um demasiado grave esta insistência no espanhol), o argentino por sua vez decidiu sempre mal quando teve bola (quer no transporte quer no passe) e a sua lentidão foi novamente aproveitada pelos adversários (facilmente batido em vários lances e muito passivo nos 2 golos do Benfica).

Cardozo/Lima - Pouca inspiração, grandes dificuldades para se libertar da marcação contrária e pouco espaço para brilhar. O paraguaio saiu irritado no momento da substituição, mas a mudança táctica resultou a favor do Benfica, como se observou com o 2-0 (com mais um golo de Lima).

Miguel Lopes/Joãozinho - Vão ficar ligados ao 1-0 (deram demasiado espaço) mas no geral cumpriram e até estiveram mais em evidência que os laterais contrários (Maxi e Melgarejo). Seguros na defesa (Miguel Lopes com alguns cortes importantes, Joãozinho, à excepção do golo, sem dar grande espaço a Gaitán) ainda deram alguma profundidade no corredor.

Maxi/Melgarejo - Grandes dificuldades perante os extremos contrários e apoio sem grande critério no ataque (foram várias vezes surpreendidos com as perdas de bola do ataque encarnado e deram grande espaço nos seus flancos).

Rojo/Ilori - Voltaram a demonstrar que têm muita qualidade...falta-lhes a maturidade. Não é por acaso que à semelhança do que fizeram contra o FC Porto (nestes jogos têm menos pressão) anularam os avançados encarnados e dominaram a zona defensiva (o 2-0 é já com Boulahrouz em campo). Nos lances individuais, em profundidade (têm muita velocidade) e jogo aéreo estiveram irrepreensíveis. Claramente uma dupla que se complementa e que o Sporting deve fazer um esforço para manter.

Luisão/Garay - Alguns erros por parte da dupla (em especial do argentino, que sofreu bastante com Wolfswinkel), com o brasileiro a ser decisivo em vários lances.

Wolfswinkel - É uma espécie de "besta negra" para Garay. Hoje voltou a ser mais forte que o argentino, ganhou muitos duelos e até teve a melhor oportunidade do encontro (num lance polémico).

Matic/Enzo Pérez - O sérvio esteve ao seu nível, com grande qualidade nos aspectos defensivos (dobras, cortes e pressão), mas não acrescentou muito no ataque, enquanto o argentino foi uma autêntica nulidade e o futebol encarnado perdeu muito com a sua ausência.

Bruma/Dier - O extremo voltou a estar endiabrado, castigou Melgarejo, imprimiu velocidade e foi sempre uma dor de cabeça para a defensiva encarnada. Claramente um dos melhores em campo no 1º tempo, na 2ª parte perdeu "gás" e o Sporting acusou a ausência da sua "pérola"; também o inglês apresentou mais uma vez um nível muito alto. Impôs a sua capacidade física no meio campo e com isso os leões controlaram a partida, a sua saída por lesão (se for grave vai ser um revés muito duro para o Sporting pois é neste momento, depois de Wolfswinkel, o jogador mais importante) desequilibrou por completo o clube leonino (perdeu agressividade, capacidade táctica e garra).

Etiquetas: ,