Kenneth Faried the "Manimal", a nova grande sensação da NBA

Ele é um homem... ele é um animal... uma verdadeira fera... ele é o MANIMAL! Uma capacidade ressaltadora incansável (um recorde de 1673 ressaltos na NCCA, passando os 1570 de Tim Duncan) e o estilo implacável valeu-lhe a alcunha que faz alusão a uma (nem por isso...) popular mas curta série televisiva dos anos 80.

Não são todos os rookies que se impõem à primeira na NBA, bem pelo contrário, mas Kenneth Faried desafiou desde cedo esse estigma. O jovem PF foi "apenas" a 22ª escolha do draft de 2011 (à sua frente ficaram Derrick Williams, Jan Vesely, Bismarck Byombo ou Markieff Morris, por exemplo, só considerando os PF), mas desde cedo se destacou como peça influente nos Denver Nuggets. E esta rápida integração é ainda mais valorizada pelo facto de que na temporada em que foi seleccionado não houve o estágio anterior ao início do campeonato (o summer camp), e de que as equipas tiveram um tempo de preparação quase nulo. Mas Faried entrou com tudo, trazendo um atleticismo notável a uma equipa já de si muito forte nesse aspecto, de tal modo que Denver nem hesitou em trocar um dos seus esteios, o poste Nene, tal a confiança no seu jovem jogador. E neste segundo ano, o extremo vindo de Morehead State não tem defraudado as expectativas (muitos rookies embatem como que numa "parede" no seu segundo ano, devido à pressão acrescida); bem pelo contrário, os seus números têm vindo a subir (embora as suas percentagens de lançamento tenham descido um pouco), e a sua influência na equipa tem vindo a aumentar.

Mas afinal o que torna Faried tão valioso e apelativo? Para já, é um atleta impressionante. Mas a Liga está cheia de saltitões que não dominam os aspectos básicos do jogo. Faried alia essas características físicas (velocidade, impulsão e força) a uma boa leitura de jogo (que permite dominar as tabelas, e desarmar lançamentos, pois consegue "adivinhar" os movimentos dos atacantes), uma presença defensiva interessante (é um defensor feroz, e apesar do estilo físico tem apenas uma média de 3 faltas por jogo), e a um jogo de pés interessante que faz com que consiga transformar os seus (muitos) ressaltos ofensivos em pontos (ele é perito em jogadas acrobáticas debaixo do cesto). O seu ponto fraco ainda é o jogo de costas para o cesto, mas honestamente, na actual NBA o extremo/poste que faça esse tipo de movimento é cada vez mais raro (hoje em dia há cada vez mais interiores que jogam de frente, lançam de longe, ou baseiam-se apenas nos cortes para o cesto). Para lá disso, passa a imagem de um rapaz humilde e trabalhador, alguém que agradece o facto de fazer o que gosta e ser bem pago para tal (quantos dos espectadores não invejam isso?), e de levar para o campo a alegria e intensidade que fortalece a ligação entre o jogador e o adepto. Fora de campo, Faried é um defensor da causa gay (ao que não será alheio o facto da sua mãe ser lésbica, e casada com outra mulher), o que demonstra uma certa consciência social, aprecie-se ou não a causa. Num tempo em que os atletas profissionais são vistos como mercenários, egoístas e gananciosos, este tipo de dedicação a uma causa (e uma controversa, não falamos aqui de distribuir doces num hospital ou beijar criancinhas pobres) só ajuda a construir uma imagem forte.

Concluindo, Kenneth Faried tem tudo para ser uma referência na NBA (e a competição necessita claramente de novas sensações). Não será um grande marcador (no fim-de-semana All-Star foi considerado MVP depois de marcar 40 pontos no Rising Stars e reconheceu no final da partida que foi a 1ª vez que marcou mais de 30 pontos num jogo), ou um franchise player, mas a sua capacidade ressaltadora e defensiva, a atitude que empresta ao jogo, o seu atleticismo e espírito de one man show (mas modesto), pode vir a fazer dele o novo Dennis Rodman (sem tatuagens e vestidos de noiva) com um misto de Barkley (muito menos dotado ofensivamente, mas igualmente espectacular, a maneira como conduz a bola da defesa até ao ataque e finaliza com um dunk, e os ressaltos que ganha apesar de ser relativamente baixo fazem lembrar o Chuck).

Visão do Leitor: Nuno Ranito

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