Quem não conhecia Zakaria Labyad e o viu jogar pela primeira vez ao serviço do Sporting, ficará com a sensação que os colaboradores do Visão de Mercado afinal não percebem nada disto de descobrir talentos. De facto, o marroquino até ao momento tem tido prestações banais ao serviço dos leões, não conseguindo marcar a diferença. A qualidade do colectivo também não ajuda (é sempre mais fácil integrar talentos em estruturas sólidas), o que faz com que um jovem de 19 anos, na primeira época num país estrangeiro (tem igualmente nacionalidade holandesa), cometa erros (demasiado individualista, remates disparatados...numa clara tentativa de afirmação precipitada) que não correspondem ao seu talento. Mas a verdade é que o médio ofensivo/ala, antes de chegar a Portugal, era considerado de forma unânime um dos futuros craques do futebol mundial. Ainda como júnior de 1º ano (estreou-se como juvenil), actuava de forma regular no PSV, assumindo a titularidade de forma indiscutível na temporada passada, deixando no banco por exemplo Lens (agora é titular na Holanda de Van Gaal). Mostrava uma qualidade técnica soberba e marcava golos com frequência (apesar de não parecer, tem um bom remate), o que lhe garantiu naturalmente a presença na selecção marroquina. Ao serviço do seu país, foi o melhor jogador em Toulon e nos Jogos Olímpicos (de todas as nações, foi o titular mais jovem. Com 19 anos quando a maior parte nas nações apresentava titulares com 21/22/23 anos). Não tendo sido surpreendente, que mesmo depois de já ter rubricado um vinculo com o emblema de Alvalade, tenha sido cobiçado por Benfica, Arsenal e Barcelona. Como não deixou de saber jogar futebol de um momento para o outro, e como todos os jovens (e Labyad na teoria é sénior de 1º ano) precisa de alguma continuidade no Sporting (se ainda estivesse na Holanda, o seu mediatismo, entre as jovens promessas, iriam inclusive levar com que estivesse mais à frente no top). Ser titular durante vários jogos (a polivalência é também uma das suas mais valias, uma vez que pode actuar em qualquer um dos flancos ou na zona central) e ganhar confiança para mostrar o seu talento na segunda metade da temporada (o campeonato não acaba em Dezembro e a avaliação final só se faz em Maio). A sua técnica, capacidade para desequilibrar, remate, e leitura de jogo, são características distintas e amplamente apreciadas pelos principais clubes europeus, caso as consiga desenvolver em Alvalade, juntando a isso a margem de evolução que apresenta, facilmente se tornará uma referência na nossa Liga e um dos elementos mais cotados em termos de mercado, aliás, juntamente com Carrillo é um dos jogadores do Sporting que mais lucro (desportivo e financeiro) poderá dar aos leões (são ambos craques em potência, agora cabe a eles e ao clube leonino saber concretizar isso).
Irá Labyad conseguir a afirmação em Alvalade? Deveria ser mais vezes titular (ou no lugar de Capel, ou a 10, ou a interior direito)? Ou, vai dar razão ao facto do Sporting não ter capacidade para potenciar jogadores (Nani, Duscher, Simão, Moutinho, Figo, Naybet, Ronaldo, Enakharire, foram das poucas excepções) e ser uma "máquina de desvalorização (por norma, os jogadores estrangeiros que chegam a Alvalade acabam por sair a custos irrisórios, sem denotarem nenhuma evolução no seu futebol, e mesmo os elementos que saem da Academia numa 1ª fase ganham cotação - Djaló, Pereirinha, André Santos, etc - mas depois acabam por se desvalorizarem...isto tudo, porque o Sporting ainda não aprendeu - algo que dura há vários anos - a incutir maturidade competitiva nos seus jogadores, por exemplo como o Porto faz, talvez o grande segredo para o sucesso desportivo e financeiro dos azuis e brancos)?
PS - Temos a actuar em Portugal uma boa geração de jogadores nascidos depois de 1993. Começamos por André Gomes, médio do Benfica que tem aproveitado as oportunidades de Jesus para conquistar o seu espaço, e Eric Dier (de 1994), promovido à equipa AA do Sporting como lateral direito, apesar de ser central de origem. Depois destes, Kelvin e Iturbe são jovens com um potencial tremendo, mas que ainda não conseguiram a afirmação no Porto. Temos ainda Oblak, guardião que já mostrou qualidades para ser uma referência e que este ano vai brilhando no Rio Ave. Na segunda liga, mais concretamente no Sporting B, há igualmente vários elementos com um futuro promissor: João Mário, médio com uma maturidade enorme, Bruma (é de 1994 e sempre foi apontado como uma estrela), Ricardo Esgaio (inteligência táctica notável aliada a uma boa capacidade de finalização) e mesmo o próprio Diego Rubio (apesar de Betinho ser um avançado clínico no último terço, a participação do português no jogo colectivo e em termos de agressividade deixa ainda um pouco a desejar). Quais destes jogadores irão atingir um patamar mais elevado em termos nacionais e internacionais? Poderão os portugueses ser referências na selecção AA? E, fora os citados, que outros nomes (que tenham nascido em/ou depois de 1993) apresentam qualidade para serem peças importantes em clubes que lutam por títulos?