Craques do Futuro II: Suso (10º)

O que diferencia os espanhóis dos restantes chama-se inteligência, capacidade de interpretar o jogo, saber o que é preciso em cada momento e fazê-lo com qualidade. Aliando isso a uma capacidade técnica fora do comum, temos novos jogadores a surgir em catadupa (tantos, que são nesta altura campeões europeus de sub-17, 19 e 21), com talento de sobra para ir renovando a selecção sem perder a força. Um desses casos, de um jovem franzino com muito futebol nos pés, é o de Suso

Como muitos outros espanhóis, Suso mudou-se para Inglaterra aos 16 anos, sendo convidado por Rafael Benítez quando estava prestes a mudar-se para o Real Madrid. O seu talento fez com que se tornasse, a par de Sterling, uma das figuras da academia dos Reds e que, nesta temporada, seja presença assídua no conjunto de Brendan Rogers. Face aos maus resultados, o técnico galês tem dado espaço aos mais jovens para evoluir. Apesar de ser um médio ofensivo de origem (embora possa actuar um pouco mais recuado, é voluntarioso e garante uma saída de bola eficaz), o espanhol tem actuado ligeiramente sobre o lado esquerdo, procurando naturalmente zonas interiores, onde tem mais capacidade e liberdade para desequilibrar . Tem todas as características para se tornar num craque: poder de decisão, velocidade de execução, visão de jogo e qualidade de passe (principalmente no seu fabuloso pé esquerdo), drible curto. Enfim, como se costuma dizer, a bola não chora nos seus pés. Podemos chamar-lhe de "mini David Silva", pelas parecenças no estilo de jogo. Não será difícil imaginá-lo, daqui a uns anos, como figura na selecção espanhola. A não ser que, como muitos outros grandes jogadores, que seriam titulares em quase todas as equipas (lembramo-nos por exemplo de Cazorla), seja "injustiçado" por ter nascido espanhol. É que a qualidade é tanta, que há muitos que têm de ficar de fora. Uma coisa é certa, no futebol inglês, tem tudo para espalhar o seu perfume. Até onde pode chegar Suso? A formação com base na interpretação do jogo é a chave para o sucesso ("não é preciso correr muito, é preciso correr bem, quem corre é a bola")? Como há muitos espanhóis no futebol inglês, mesmo nas camadas jovens, poderão sair prejudicados por ser um jogo mais físico? Ou, pelo contrário, ainda realça mais o seu talento? Deixamos um desafio: faça a selecção espanhola para 2014 apenas com suplentes e jogadores menos utilizados (pode incluir já alguns destes jovens que estão a aparecer). Verá que se vai surpreender com a quantidade de opções (Thiago Alcántara, Isco, Cazorla, Muniain, pouco jogam...).

PS - Vamos deixar de fora Deulofeu  e Jesé Rodríguez. Não é que os dois não tenham talento para aqui estarem, provavelmente até têm probabilidades de chegar mais longe do que Suso, mas o espanhol do Liverpool já joga ao mais alto nível (enquanto que os jogadores de Barça e Real Madrid, respectivamente, ainda actuam nas segundas ligas, o que não respeita os nossos critérios). Aliás, o ala catalão já foi considerado o melhor jogador do Euro Sub-17 e Sub-19, em anos consecutivos, sendo dono de um poder de aceleração do outro mundo (necessita apenas de melhorar a definição dos lances). Já o avançado merengue, é tremendamente completo. Tanto pode cair nas alas e desequilibrar com o seu enorme leque de fintas, como aparecer na grande área, trabalhar muito bem e finalizar sem dar hipótese de defesa. Para além destes, muitos outros espanhóis têm nível para brilhar. Denis Suárez, criativo do City, é um craque da cabeça aos pés, Oliver Torres, do Atlético, é outro pequeno grande jogador, José Campaña é um 6 que já vai tendo muitos minutos no Sevilha... é uma renovação constante. Para não falar em Rafinha.

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