A época do Sporting está perdida, mas saída de 12 jogadores em Janeiro (evitar a desvalorização do plantel, o que teria graves consequências no futuro) e regressos de Paulo Pereira Cristóvão (é a estrutura que os leões necessitam) e Couceiro (Vercauteren foi um erro de casting) podem evitar o descalabro

Ainda não chegámos ao Natal e os sportinguistas já queriam que estivéssemos em Junho. Isto por culpa da sua equipa de futebol, que partiu como candidata a lutar pelo título mas, nesta fase, está a 18 pontos do primeiro lugar e a 4 do último (a 2 pontos da linha de água), fora da Liga Europa com uma campanha deprimente num grupo fácil e eliminado da Taça de Portugal pelo Moreirense. Se falarmos para além dos resultados, vemos um conjunto de jogadores sem garra, que comete muitos erros individuais, que colectivamente não existe, que marca pouco e sofre muito.

Como no futebol o presente está sempre directamente relacionado com o futuro. A preocupação dos leões nesta fase deveria ser a de não condicionar a próxima temporada e, para tal, é necessário que se tomem algumas decisões. Não é por uma época estar perdida que um clube deve bloquear, pois isso poderá ser fatal em termos de mercado (inclusive Janeiro devia servir para contratar alguns jogadores em final de contrato, veremos é se isso está a ser trabalhado). Dando um exemplo claro, com a péssima prestação do emblema leonino, parece evidente que todos os elementos do plantel vão desvalorizar (aliás este cenário já aconteceu nos últimos anos, e o clube verde e branco no passado ainda teve de pagar para se ver livre de alguns jogadores, veremos como será no final desta temporada). Como tal, e para inverter esta tendência (até porque os leões necessitam de realizar encaixes financeiros), o Sporting deveria procurar transferir pelo menos 12 activos no mercado de Inverno (aproveitar o mercado que os jogadores ainda tem, pois no final da época a tendência é que o mesmo desapareça) e gerar o máximo lucro possível: Patrício, Cédric, Carriço, Xandão, Boulahrouz, Capel, Jeffrén, Izmailov, Elias, Schaars, Pereirinha e Ínsua, por razões diferentes: valor individual (Patricio é dos poucos que pode permitir um encaixe importante), final de contrato (Carriço, Pereirinha e Xandão, o brasileiro de empréstimo),e nada acrescentarem, são alguns dos nomes que deviam abandonar Alvalade. Esta espécie de revolução iria permitir (além da melhoria das contas do clube) a entrada de mais elementos da equipa B no elenco principal (como Pedro Mendes, Esgaio, Rubio, Arias, Bruma, etc), não condicionando a época leonina, pois um 11 com: Boeck,  Árias ou Dier, Pedro Mendes, Rojo, Pranjic, Rinaudo, André Martins, Labyad, Carrillo, Viola e Wolfswinkel, certamente pior não faria (também é impossível).

Se no que diz respeito ao futuro, o mercado é neste momento a principal preocupação dos leões. Parece claro, que a classificação dos leões nesta época poderá ter um papel decisivo nesse aspecto, pois se os leões ficarem no 5º ou 6º lugar, fora das competições europeias, quem serão os bons jogadores ou os bons treinadores que quererão vir para Alvalade? Como vai o clube leonino convencer elementos de Top a ingressar no Sporting (por exemplo alguns que ficam livres de assinar daqui a um mês)? Assim sendo, Godinho terá de precaver igualmente o presente para evitar um descalabro (ficar fora dos 4 primeiros) que poderá ser irreparável não só nesta época, como na próxima (e por aí adiante). A nível de estrutura (de que muito se fala quando se elogia o Porto por exemplo), uma verdade indesmentível é que os jogadores do Sporting, quando Paulo Pereira Cristóvão estava no clube, tinham uma atitude muito mais profissional (aliás desde que saiu os leões só venceram 4 jogos). O dirigente tinha um papel extremamente importante a blindar o balneário e a lidar com a imprensa, defendendo o clube dos inúmeros ataques que lhe eram (e são) dirigidos. Tendo em conta que foi "despachado" sem ser sua intenção sair, um possível regresso seria bem pensado para os lados de Alvalade (a sua saída foi fatal para os leões). Por outro lado, a nível técnico, já deu para perceber que Vercauteren não estava preparado para a realidade do actual Sporting. É verdade que apanhou uma equipa em cacos e com uma preparação física horrível, mas parece claro que não consegue incutir as suas ideias (quais são elas mesmo?), e apesar do bom discurso que tem, as suas decisões dentro de campo (uma leitura de jogo ao nível do pior que já passou em Alvalade) e fora dele (excesso de folgas e zero em termos de capacidade para incutir alguma intensidade nos jogadores), tem sido ridículas  O regresso de José Couceiro (só até final da época, depois sim contratar, um português, o único treinador que pode salvar o Sporting), um homem da casa, competente e conhecedor da realidade do clube e das manhas do futebol português, seria um bom timoneiro para tentar devolver alguma honra aos leões e potenciar alguns jovens jogadores (em 2010-11 apanhou o Sporting a meio da época, completamente desequilibrado depois da saída de Paulo Sérgio e numa situação pior - o plantel era mais fraco - e ainda acabou a Liga em 3º à frente do Braga de Domingos, não sendo um "Salvador", nesta fase é dos poucos que tem "bagagem", como provou no passado, para fazer algo).

Este momento leonino merece uma profunda reflexão, é certo, mas se os leões ficarem eternamente a chorar o hoje, não tentarem inverter a tendência (esta época tem de servir para algo, nem que seja como preparação para o futuro em termos de potencialização de alguns jovens) e bloquearem (ignorarem já a preparação do "amanhã"), o emblema de Alvalade pode entrar num ciclo irreparável nos próximos anos (além da visão de mercado, que nunca existiu em Alvalade, um lugar na tabela classificativa no final da época que não esteja ao nível da grandeza do clube leonino poderá ter graves consequências).


Visão do Leitor (perceba melhor, como pode ter um papel activo no VM, aqui!)Diogo Pereira

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